O segundo dia de paralisação dos motoristas e cobradores de ônibus na cidade de São Paulodificultou a vida dos usuários do transporte público que tentavam se locomover na manhã desta quarta-feira (21). Oportunistas aproveitaram a situação caótica para lucrar com a greve. Carros particulares e lotações clandestinas chegavam a cobrar até R$ 10 por passageiro para fazer trechos em que são cobrados no máximo R$ 3, o valor da passagem.
O G1 flagrou a situação e foi abordada por motoristas de carros na Avenida Itaberaba, ao lado do Terminal Cachoeirinha, na Zona Norte.
“A vantagem é que comigo você chega mais rápido ao Metrô, eu corto caminho”, disse o motorista. O pagamento só podia ser feito em dinheiro. Diante da minha desistência, o casal foi embora e voltou a passar em frente ao ponto de ônibus 5 minutos depois tentando atrair mais passageiros.Por volta das 10h, um carro preto com um casal se aproximou e ofereceu transporte até o Terminal Santana pelo preço de R$ 5. A reportagem questionou se o trajeto era o mesmo feito pelo ônibus.
O vendedor João Guilherme Batista, de 26 anos, que trabalha no Centro, decidiu arriscar e embarcou no meio de transporte alternativo. “É a única opção que tenho para sair daqui.”
O G1 flagrou pelo menos dez carros particulares cobrando que chegavam até R$ 10 para levar transportar passageiros na Avenida Itaberaba. No momento das abordagens, não havia policiamento na região. No entanto, logo depois um carro da PM ficou dentro do terminal de ônibus.
A babá Maria Almeida, de 52 anos, conta que foi abordada por lotações clandestinas na Avenida Cantídio Sampaio, na região da Brasilândia, por volta das 6h. “Ei ia pegar uma lotação para o Jabaquara para pegar o trem para a Lapa, mas estavam cobrando R$ 6. Só estou com o Bilhete Único, não tinha dinheiro”, disse.
Quatro horas depois, a babá esperava a patroa vir buscá-la de carro em frente ao Terminal Cachoeirinha. “Ela está vindo me buscar com as crianças para depois poder ir trabalhar, pois não tem quem fique com as crianças”, relatou a babá.
Dificuldades
Passageiros do transporte público da capital sofreram com as consequências de uma paralisação de ônibus inesperada. Na Zona Norte da cidade, os terminais de ônibus estavam vazios e os passageiros não sabiam o que fazer.
Passageiros do transporte público da capital sofreram com as consequências de uma paralisação de ônibus inesperada. Na Zona Norte da cidade, os terminais de ônibus estavam vazios e os passageiros não sabiam o que fazer.
O técnico em segurança eletrônica Antônio Melo, de 32 anos, veio de Osasco e quando chegou de metrô ao Terminal Santana foi surpreendido pela paralisação. "Estou há uma hora e meia esperando ônibus e nada. É uma falta de respeito com a gente, que paga imposto", disse, indignado. Agora, para conseguir trabalhar, ele terá que esperar por uma carona de um colega de serviço.
No Terminal Tucuruvi, apenas ônibus da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo), vindos de Guarulhos, e da empresa Transcooper estavam operando nesta manhã.
O analista de sistemas Wesley Araújo, de 20 anos, aguardava por um coletivo desde às 6h em um ponto da Avenida Guapira, no Jaçanã, Zona Norte. Ele trabalha no Sacomã, na Zona Sul, e não sabia como vai chegar até lá. "Já era para eu estar trabalhando, não tenho como chegar", disse o jovem, que já estava desistindo de aguardar e voltando pra casa após 2 horas de espera.
Greve
Pararam funcionários das empresas Santa Brígida, Via Sul, Gato Preto, Sambaíba e Vip, na região do M'Boi Mirim. A viação Campo Belo também chegou a ser fechada, mas voltou a funcionar por volta das 7h.
Pararam funcionários das empresas Santa Brígida, Via Sul, Gato Preto, Sambaíba e Vip, na região do M'Boi Mirim. A viação Campo Belo também chegou a ser fechada, mas voltou a funcionar por volta das 7h.
Às 14h a capital paulista tinha 13 terminais de ônibus fechados na capital paulista. Dos 29 terminais da SPTrans na cidade, estavam sem funcionar: Sacomã, Mercado, Dom Pedro II, Lapa, Casa Verde, Pinheiros, Pirituba, João Dias, Grajaú, Santo Amaro, Capelinha, Guarapiranga e Aricanduva.
O problema continua fora dos terminais e das garagens. Motoristas estão abandonando os veículos em diversos pontos da cidade alegando que sofreram ameaças. Há vários ônibus estacionados em avenidas como Brigadeiro Faria Lima, na Zona Oeste, Celso Garcia, na Zona Leste, e em viadutos no Centro.
Diante da paralisação, a Prefeitura de São Paulo informou que está suspenso o rodízio de veículos nesta quarta. O pico de trânsito até as 10h desta quarta-feira foi de 98 km de congestionamento, registrado às 9h30. Segundo a CET, o índice esperado para este horário fica entre 67 e 95 km.
O Metrô e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) operaram normalmente. Confira como está cada região da cidade: